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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O VOTO OBRIGATÓRIO


No dias de ontem (22/02/2011) fora veiculado nos telejornais locais, imagens de um prefeito de uma cidade do Amazonas dizendo para uma cidadã, em resposta a seus apelos por moradia, que morresse. Como se já não bastasse o tom agressivo da resposta ainda ironizou-a, dando a entender que o fato da mesma ser paraense, explicava o fato dela está naquela situação.

Levando em considerarão que nossos representantes só aparecem na mídia ou por escândalos ou para soltar declarações infames como essa, ou ainda na melhor (ou pior) das hipóteses em períodos eleitorais envoltos em roupas limpas e em palavras bem articuladas, certos de nossa total ignorância, devemos nos perguntar: será que o voto obrigatório ainda é um exercício de cidadania?

Devemos procurar lembrar as verdadeiras acepções das palavras cidadão e democracia. Pois cidadão é o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado (Brasil), e democracia é o governo do povo, soberania popular; doutrina ou regime político baseado nos princípios na soberania popular e da distribuição equitativa do poder.

Podemos perceber a imensa distância que separa a teoria da realidade. Hoje vemos os três poderes divididos em várias bancadas, entre elas está a dos empresários, a rural, a dos evangélicos, a dos católicos, a dos trabalhadores, a do esporte, a dos separatistas etc. Todas trafegam entre situação e oposição de acordo com seus interesses, tudo como manda o figurino. Mas a rigor não há um único partido que se preocupe com o cidadão brasileiro e que o insira numa democracia.

Chega a ser cômico a voracidade com que degladeiam-se, com a desculpa de quererem um salário digno para os trabalhadores, quando sabemos que na verdade só querem ver o circo pegar fogo, pois quando se trata de dobrar o próprio salário, isso é feito em total conluio e na mais absoluta surdina, esgueirando-se por toda e qualquer burocracia. O referido prefeito da cidade situada no Estado anteriormente mencionado usou-se do revanchismo (idiota) existente entre os dois Estados para encobrir seu total desinteresse nos cidadãos daquela cidade, ou de qualquer outra, postura muito comum (infelizmente) entre a maioria das pessoas que ocupam um cargo no executivo.

A falta de opções sérias e confiáveis nos leva a votar nulo, em branco, ou o que é mais grave, votar em figuras caricaturas para fugir das penas impostas aos cidadãos que furtarem-se de exercer o “direito” ao voto.

Em países como o USA o voto não é obrigatório. Isso faz com que o candidato, seja ele qual for, se veja obrigado a conquistar cada voto por meio de compromisso e seriedade, só assim um eleitor se dispõe a sair do conforto de sua casa para votar.

Votar deveria ser: ter direito a voto, e não ser obrigado a isso. E o voto deveria ser o modo de expressar a vontade num ato eleitoral. Mesmo se essa vontade for se abster.

O voto obrigatório evidentemente não se traduz no gozo dos direitos civis e políticos, mas sim numa obrigação degradante e desnecessária, pois o resultado nunca se reflete de forma positiva na vida do cidadão, tendo em vista que os problemas que nos afligem perduram por mais de quinhentos anos.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O TRABALHO ESCRAVO E SUAS VÁRIAS FACETAS





Segundo a definição usualmente encontrada, o trabalho escravo se configura pelo trabalho degradante aliado ao cerceamento da liberdade. Naturalmente não vivemos o período que precedeu a lei Áurea de 13 de Maio de 1888, onde uma pessoa poderia ter o direito de propriedade sobre outra. Entretanto, se observarmos com um pouco mais de carinho, sem o medo de perdermos todo o conforto que a vida moderna nos proporciona, poderemos ver que ainda vivemos em uma sociedade onde o trabalho escravo é a maior mão de obra.

Vivemos em um período em que as palavras chaves são: globalização; inovação; preocupação com o meio ambiente e a tal da busca da qualidade de vida. O que poucas pessoas percebem é que tais palavras são conceitos antagônicos que se repelem. Mas que são usadas em uma equação cujo resultado é o mascaramento de uma realidade muito simples e cruel, o trabalho degradante aliado a liberdade cerceada.

Comprovamos isso quando acompanhamos histórias de pessoas que vêm do interior para a capital, ou quando outra vai de Belém para o Centro-Sul do país, ou ainda quando alguém sai do Brasil para arriscar a sorte em outro país.

No período da primeira Revolução Industrial vimos o surgimento do panoptismo abordado por Foucaut, onde já não era a força ou as correntes o meio pelo qual poucos indivíduos dominavam muitos.

Ainda hoje, em pleno século XXI, vemos nas varias atividades da agropecuária, no mercado da prostituição entre outras tantas atividades ilegais, situações que refletem a mesma realidade, ou seja, pessoas presas sob ameaças físicas, terror psicológico ou longas distâncias de sua cidade natal ou qualquer outra cidade.

A tentativa da junção das tais palavras da moda cria uma deformação de valores perfeitamente aceitável no mundo capitalista, onde a exploração de massas de miseráveis é chamada de inclusão social, por está levando emprego aonde não havia, oferecendo assim um futuro melhor a essas pessoas que outrora estavam fora do mercado consumidor.

Dentro dessa deformidade ocasionada por essa equação, percebemos que países que possui moeda forte, mercado forte e tecnologia de ponta vêm em países como a China, Índia e até mesmo o Brasil pontos de apoio à escravidão “politicamente correta”, onde conseguem matéria prima e mão de obra a preço irrisório.

Portanto, se trocarmos alguns elementos dentro da equação, teremos uma equação equivalente, onde o resultado terá várias raízes.Ex: 1 sobre 2; 1 sobre 6; 1 sobre 15. Dependendo da relação, moeda local e dólar ou euro. A degradação está no fato de que o indivíduo recebe metade, um terço, um quinze avos, (...), do que merece. O cerceamento da liberdade está no fato de que esse indivíduo não tem como escapar dessa situação, pois sua vida está atrelada a seus patrões por meio de contratos de trabalho, individual ou coletivo de conteúdo duvidoso.

Dessa forma concluímos que o trabalho escravo realmente tem várias facetas, e algumas dessas nos chocam enquanto que outras nos parecem ser tão normais quanto comprar um celular que sabemos que vale R$ 500, por R$ 99,90.